terça-feira, 8 de abril de 2008

OEDT estima que consumo entre «adultos mais velhos» aumente «para mais do dobro» até 2020



O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) estima que o número de «adultos mais idosos» com problemas de consumo de estupefacientes irá aumentar para mais do dobro até 2020, previsão que classifica de «inquietante»


«Estima-se que o número de pessoas idosas com problemas de consumo de substâncias ou necessitadas de tratamento devido a perturbações causadas por esse consumo irá aumentar para mais do dobro entre 2001 e 2020» , revela o último número da publicação do OEDT «Drogas em Destaque», intitulado «Abuso de substâncias entre os adultos mais idosos».

O OEDT recorda que a Europa regista «um envelhecimento marcado da sua população», pois «mais de um quarto da mesma (cerca de 120 milhões) terá cerca de 65 anos ou mais até 2028».

Embora sublinhe que o consumo de drogas ilícitas entre os adultos mais velhos seja menos comum do que entre os jovens, a agência europeia de informação sobre drogas adianta que, «na Europa, entre 2002 e 2005 a proporção de doentes com 40 anos ou mais em tratamento devido a problemas relacionados com o consumo de opiáceos aumentou para mais do dobro (de 8,6 para 17,6 por cento)».

«Estimativas dos EUA apontam para um aumento até 300 por cento do número de pessoas com mais de 50 anos que necessitam de tratamento por problemas de consumo de drogas entre 2001 e 2020» , diz a agência com sede em Lisboa.

Na opinião do director do OEDT, Wolfgang Götz, «o número crescente de adultos mais velhos com problemas de consumo de substâncias irá impor novas e maiores exigências aos serviços de tratamento».

«Serviços habituados a tratar, sobretudo, populações jovens, terão de se adaptar para responder às necessidades deste grupo mais idoso» , considera Götz, explicando que «o envelhecimento pode originar problemas que constituem factores de risco para o abuso de substâncias».

Entre as questões apontadas, o OEDT inclui «problemas sociais (dificuldades financeiras), psicológicos (depressão) e físicos (patologias dolorosas)».

«O consumo problemático pelos adultos mais velhos de medicamentos de receita médica ou de venda livre, que pode ser 'intencional ou não intencional' e variar em termos de gravidade» , é outro dos problemas destacados na publicação do OEDT.

A agência europeia sublinha que as pessoas com mais de 65 anos são responsáveis pelo consumo de cerca de um terço da totalidade dos medicamentos de receita médica vendidos - com frequência benzodiazepinas e analgésicos à base de opiáceos.

«As mulheres idosas correm um maior risco de abuso de medicamentos de receita médica do que outros grupos, embora os problemas deste grupo passem, muitas vezes, despercebidos» , diz o OEDT, ressalvando que «as estatísticas mostram que os adultos mais velhos correm igualmente um risco relativamente mais elevado de ter problemas de alcoolismo».

«Na Europa, 27 por cento das pessoas com 55 anos ou mais declaram beber álcool diariamente. O uso combinado de álcool e outras drogas pode estar na origem de problemas entre os idosos (acidentes, ferimentos), mesmo que bebam pouco ou moderadamente» , acrescenta a agência.

Se bem que muitos adultos mais velhos, consumidores de substâncias, contactem regularmente os serviços médicos devido a complicações de saúde, os problemas de consumo de substâncias neste grupo muitas vezes passam despercebidos aos profissionais de saúde ou são mal diagnosticados devido à falta de formação adequada neste domínio ou a critérios de diagnóstico não satisfatórios, explica o OEDT.

Contudo, a agência considera possível aplicar procedimentos de rastreio melhorados para detectar o uso de substâncias neste grupo, designadamente o uso abusivo de medicação (por exemplo, controlo das receitas repetidas/múltiplas ou indicações de tolerância).

«As realidades da evolução demográfica e a crescente necessidade de serviços sentida pelos consumidores de substâncias idosos estão a sobrecarregar financeiramente os recursos existentes» , conclui.

Fonte: Lusa / SOL

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